Como é o passeio de barco entre Porto Alegre e Guaíba

Uma boa opção do que fazer em Porto Alegre são os passeios de barco pelo lago Guaíba. Além dos mais tradicionais, que navegam pelas ilhas do Delta do Jacuí e saem da Usina do Gasômetro, há um catamarã que faz o trajeto entre a Capital gaúcha e a cidade de Guaíba.

Neste artigo, vamos falar um pouco sobre o trajeto, que pode ser comparado à travessia entre Buenos Aires e Colônia de Sacramento, pelo Rio do Prata.

Como é a travessia pelo lago Guaíba

Bem verdade, esse não é um passeio turístico, mas sim uma linha de transporte público administrada pela CatSul. São dois cais em Porto Alegre – no Mercado Público (onde também sai o barco Cisne Branco) e em frente ao Barra Shopping, na Zona Sul – e um em Guaíba.

A viagem dura cerca de 35 minutos, com início no Mercado Público, fazendo uma parada no cais do Barra Shopping. Como é um barco rápido, as pessoas não podem ficar no “convés” ou em áreas abertas, algo que já é permitido nos passeios de barcos pelas ilhas.

A origem do Rio Grande

O lago Guaíba faz parte de uma bacia hidrográfica que ocupa cerca de 30% do território gaúcho e se une a maior laguna da América do Sul, a Lagoa dos Patos. Nos primeiros mapas desenhados do Estado, o lago Guaíba e a Lagoa dos Patos eram desenhados como um único lago, sendo chamado de Rio Grande. Séculos mais tarde o erro cartográfico foi consertado, mas o equívoco ajudou a nomear o estado mais ao sul do Brasil.

Preço das passagens

Cada trecho custa R$ 10,70 e as passagens podem ser compradas na hora ou pelo site da empresa. São feitas, pelo menos, uma viagem a cada uma hora e dez minutos, entre às 5h50 e às 20h em dias da semana. Em sábados, domingos e feriados, o serviço funciona em horários diferenciados.

O que fazer em Guaíba

Guaíba é uma cidade com menos de 100 mil habitantes, considerada berço da Revolução Farroupilha (se você tiver interesse, falaremos mais abaixo). Além de ter contato com parte da história dessa revolução, a cidade tem um belo parque construído à orelha do lago Guaíba e proporciona uma vista privilegiada de Porto Alegre!

Aproveitar a orla do Guaíba

Caminhar pela orla do Guaíba e até fazer um piquenique ou tomar um chimarrão em uma de suas praças pode ser uma boa pedida – principalmente no verão ou veranicos de Porto Alegre, quando as temperaturas deixam a cidade quente e abafada.

Existem alguns restaurantes pela orla. Pessoalmente, os achei um pouco caros pela comida que ofereciam. Uma boa opção pode ser levar algo de Porto Alegre e fazer um piquenique à beira do lago.

Mirante 14 de outubro

O centro de Guaíba fica, literalmente, em uma colina. Isso permite boas vistas do lago, principalmente do mirante da rua 14 de outubro. Claro que chegar lá não é tão fácil: é preciso subir uma escadaria com mais de cem degraus.

Uma opção para quem tem problemas de locomoção é tomar um taxi, uber ou até a Jardineira, um ônibus turístico panorâmico que leva para os principais pontos da cidade.

A casa de Gomes Jardim e a Vitrine Cultural

No topo da colina também estão diversos prédios históricos, como a casa de Gomes Jardim, o “cipreste farroupilha” e a Praça e Igreja Matriz.

A cidade foi fundada em um dos seus pontos mais altos por sua localização estratégica, que permitia uma vista panorâmica do entorno em tempos de conflitos constantes.

Dizem que, por causa da vista privilegiada de Porto Alegre, os líderes da Revolução Farroupilha se reuniram no jardim da casa de Gomes Jardim, à sombra de um cipreste, para planejar o primeiro ataque à capital gaúcha e ao império.

A casa de Gomes Jardim foi transformada em um museu e é possível entrar e fazer um tour guiado por R$ 6. Ali perto também está a “vitrine cultural”, em que se pode saber mais sobre a Revolução Farroupilha e a cultura gaúcha. Na vitrine, a entrada é gratis.

Passeio de jardineira

O ônibus amarelo e com vista panorâmica custa R$ 10 e faz um city tour pelos principais pontos turísticos da cidade. Dura cerca de 50 minutos. Primeiro, o ônibus percorre a parte baixa do município, pela orla do Guaíba, para depois subir até a parte histórica, no topo da colina, onde todos descem do ônibus e fazem outra parte do o tour a pé, levando até a casa de Gomes Jardim e o mirante da rua 14 de outubro.

Como não é uma cidade grande, pode-se conhecer todos os pontos de Guaíba sem a necessidade do transporte. Entretanto, não é um passeio caro e pode ser ideal para pessoas com problemas de mobilidade chegarem ao topo do mirante sem subir os mais de cem degraus ou até mesmo chegarem a Vitrine Cultural e entenderem melhor o contexto da cidade na Revolução Farroupilha.

O que foi a Revolução Farroupilha

No começo dos anos 1800, o Brasil era um império e o Rio Grande do Sul uma província que tinha sua economia baseada na produção de charque – também conhecida como carne de sol ou carne seca.

Porém, os grandes estancieiros gaúchos não tinham voz nas políticas do império e viram os impostos aumentarem gradativamente, até que o charque gaúcho ficou tão caro que perdeu qualquer possibilidade para competir com o charque uruguaio e argentino.

De Guaíba, saiu o contingente que realizou o primeiro ataque ao Império e iniciou a Revolução Farroupilha. O conflito iniciou em 1835 e durou dez anos. Nesse período, os revoltosos chegaram a desanexar o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina, proclamando uma república independente.

A Revolução Farroupilha é considerada um dos momentos mais importantes da história do Rio Grande do Sul, tanto que é comemorada como feriado estadual no dia 20 de setembro, quando foi assinado um tratado de paz entre os revoltos e o Império, que reanexou o território gaúcho e catarinense e perdoou os farrapos.

Henrique Lammel

Jornalista e produtor de conteúdo

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