Cânion Pedras Brancas e Tajuvas: travessia até a Rota do Sol

O que não faltam, na região montanhosa do Vale do Josafaz, são trilhas. As escadas de pedras, que ligam o topo dos cânions às diversas vilas povoadas eram utilizadas pelos tropeiros desde o século XVIII e, certamente, por índios e outros povos antes dessa época.

O trekking começa em Morro Azul, um distrito de Três Cachoeiras, com subida no Cânion Tajuvas, mas dessa vez sem passar pelo cânion Josafaz. O caminho segue em direção ao cânion Pedras Brancas, descendo pela Serra do Barreiros, até a Rota do Sol. Um pequeno trecho dessa trilha também é percorrido pela caminhada nas cumeeiras, cujo relato também está disponível no A Pé no Mundo.



Mapa

.: Baixe o GPS Track semelhante à trilha relatada

Se a subida pela fenda do cânion Tajuvas ou as araucárias ainda preservadas não forem atrativos suficientes para fazer este trekking, pode ter certeza que não há nada melhor que acampar na beira do cânion Pedras Brancas e tomar ali o café da manhã.

Veja como foi a trilha realizada em abril de 2016

Não deixe lixo por onde passar! Recolha tudo e leve de volta consigo.

– Outras travessias no Rio Grande do Sul

1º Dia – De Morro Azul até o Cânion Pedras Brancas

O ponto mais próximo que o transporte público chega da subida do cânion Tajuvas é a vila de Morro Azul, portanto, se essa for a opção, não desanime. Os seis quilômetros que podem ser percorridos de carro atravessam um vale cuja vista não decepciona e é um bom aquecimento para a subida de quase 900 metros que vem a seguir. De automóvel, o fim da linha é a Igreja de Tajuvas.

A subida é difícil por questões físicas. O primeiro trecho complicado é a estrada de terra que leva à Casa do Padre, por ser íngreme. O outro é a primeira metade da trilha dentro do cânion Tajuvas, por causa dos grandes degraus de pedra. De vantagem, fica a água que verte do cânion em abundância, não sendo necessário carregar muita.

Depois de ganhar o topo do cânion Tajuvas e fazer o passo, a trilha fica menos demarcada, então tenha mais atenção a partir de agora, principalmente depois do Galpão do Tajuvas. Mesmo pelo campo aberto, é possível encontrar vestígios da trilha. Em média, o trajeto entre a igreja da Vila Tajuvas até a porteira que faz a intersecção com a estrada do cânion Josafaz e do cânion Pedras Brancas é percorrido em cinco horas

Reforçando: até aqui, a trilha segue o mesmo caminho percorrido em outro relato publicado, em direção ao canion Josafaz. Porém, em vez de ir para direita na estrada, vamos para a esquerda, fazendo o mesmo trajeto da trilha pelas cumeeiras. Mais quarenta minutos, chega-se a cabeceira do cânion Pedras Brancas. Hora de acampar.

2º Dia – Do Cânion Pedras Brancas até a Rota do Sol

A trilha segue pela estrada, atravessando o rio Pedras Brancas. Logo após o cânion, há um banhado na estrada. Faço o aviso porque, nas três vezes que passei por lá, encharquei as botas. Então, não fique buscando um lugar seco, porque não vai encontrar. Obstáculo ultrapassado, botas e meias torcidas, segue-se pela estrada, entrando em uma fazenda (talvez seja possível avistar porcos enormes soltos), entrando em uma mata mais fechada de araucárias até chegar em uma nova bifurcação.

A descida da Serra do Barreiros é o caminho da direita. Ainda não passei pela trilha da esquerda, mas pelo satélite parece levar até próximo ao cânion Pedras Brancas, encurtando o percurso da estrada em quase dois quilômetros. O que não significa que será mais fácil, em razão da condição que da trilha, que desconheço.

Caso você esteja procurando uma atividade mais tranquila, vale ler esse post sobre os cânions de Cambará do Sul do blog Rotas Incríveis!

Dicas

– A trilha foi feita com base no GPS track postado no Wikiloc pelo Jiro Sumino. Como em alguns pequenos trechos a trilha fica confusa, é indicado o uso de um GPS, nem que for o do celular (funciona perfeitamente na região). Faça o download aqui. Perder alguns minutos estudando o mapa pode ser interessante. A grande diferença da trilha mostrada para este GPS track é o início, pois saímos caminhando desde em Morro Azul, e um trecho após o cânion Pedras Brancas, até o início da serra do Barreiros, sobre o qual falei acima.

– Faça a trilha de bota. Dependendo do clima, muitos trechos com barro viram verdadeiros atoleiros, principalmente dentro da mata mais fechada e na descida pela Serra do Barreiro. Mesmo os campos são úmidos. O Vale do Josafaz é a nascente de diversos rios e o que não faltam são charcos para atravessar pela trilha.

– Quase no fim da subida do cânion Tajuvas, há uma porteira que leva para o topo da perna esquerda do cânion. Havendo tempo e condição física, suba. Após atravessar a porteira, pegue a primeira a trilha à esquerda até sair em campo aberto. Caso seguir reto, vai acabar na Rota do Sol.

– Outro platô incrível de se conhecer está localizado há trinta minutos do galpão Tajuvas. Após passar do galpão, vai ser necessário atravessar uma cerca de arame farpado, pois o chão do portão é uma lama sem fim. Vai entrar em uma pequena trilha que sobe, chegando em um campo, em cima de um morro. Em vez de continuar pela trilha (vai estar bem apagada, mas é só seguir reto, até onde termina a montanha, que você achará), quebre para direita, na direção contrária.

Como chegar

De carro – o melhor local para começar a trilha é da igreja Tajuvas. Somente com um carro, a melhor opção é usar o transporte público. Com dois carros, deixe o primeira atrás da igreja Tajuvas e o outro no final da trilha, no estacionamento do Posto Limeira.

De ônibus – é possível ir a Três Cachoeiras, desde Porto Alegre, e pegar um taxi na rodoviária (R$ 60) ou então outro ônibus para o Morro Azul (uns R$ 5). São seis por dia que fazem o percurso. Há ainda a linha “Mampituba/Morro Azul”, que sai uma vez por semana, sábado, às 7h, da rodoviária de Porto Alegre, e para no centro da vila. Na volta, a dica é chamar um taxi de Terra de Areia, custo de R$ 80. Indico o Ronaldo Quadros ( 51 9827 6501 ou 51 8219 8601). Entre quatro pessoas, fica R$ 20 para cada.

Travessia Cânion Pedras Brancas – Serra do Barroso

Dificuldade: Intermediária
Duração: Dois dias
Distância: Cerca de 39 km com início em Morro Azul
Custo: R$ 120 (Passagem Porto Alegre – Morro Azul = R$ 40, Taxi até Terra de Areia R$ 40 (total era R$ 80, mas dividi com um amigo) Passagem Terra de Areia – Porto Alegre = R$ 40).
Trilha: Incerta em pequenos trechos

9 thoughts on “Cânion Pedras Brancas e Tajuvas: travessia até a Rota do Sol

  • setembro 8, 2019 em 1:15 pm
    Permalink

    – Muito legal a matéria!
    …mas vi que nesta página há uma foto com cães correndo no que parece ser nos Campos de Cima da Serra. Ok, muito bonito, mas quem os levou neste lugar o fez com uma irresponsabilidade sem tamanho.
    Amamos nosso amiguinhos, mas esses cães, mesmo que vacinados e bem tratados, podem ser portadores de doenças que poderão transmitir a outros felinos selvagens da região, pois lá, como sabemos, é o habitat do Graxaim, do Leão Baio, do Gato do Mato, etc… e esses devem ser protegidos das doenças que muito prejudicam e matam nossos bichinhos de estimação das pequenas e grandes cidades.
    Portanto, divulgar imagens como essas não é legal. Não é prudente e não é educadora.
    Reconheço que posso estar errado quanto a isso, portanto caso achem que o que escrevi não procede ou mereça atenção, peço que retornem com algo que julguem esclarecedor.

    Resposta
    • setembro 9, 2019 em 9:37 am
      Permalink

      Oi Sérgio!

      Você tem razão. Realmente, não devemos levar cães para esses lugares preservados, mas não só em relação aos ‘nossos’ cães. Essa determinação vai muito além da causa individual, é uma relação em preservar a própria fauna da região, que deve ser tão bem tratada e cuidada quanto nossos animais domésticos.

      O problema que esses cães não são meus ou de alguém que fez esse trekking comigo. São cães que vivem (ou viviam) pela Tajuva e acabaram nos seguindo. Tentamos espantar e até achávamos que havíamos espantado, só percebemos quando já estávamos em um ponto bem avançado do cânion e como voltaríamos para a Tajuva, acabamos seguindo caminho.

      Umas semanas depois, voltamos pra Tajuva e encontramos os cães e o dono, conversamos com o dono e tudo mais. Nisso, preciso fazer mais uma observação: essa área não é parque ou área protegida e continua sendo utilizada para pecuária e muitos locais são acompanhados de cães quando sobem o cânion.

      Resposta
  • maio 20, 2019 em 10:10 am
    Permalink

    Olá Pessoal! Acabamos de Retornar esse final de semana! A travessia foi incrível graças as dicas de vocês! Muito obrigado.

    Resposta
  • maio 20, 2019 em 10:10 am
    Permalink

    Olá Pessoal! Acabamos de Retornar esse final de semana! A travessia foi incrível graças as dicas de vocês! Muito obrigado.

    Resposta
  • março 22, 2019 em 8:32 am
    Permalink

    Tudo bem? Verifiquei que a estrada continua mais um pouco após a igreja. Pode-se ir mais um pouco de carro e depois seguir a pé ou realmente tem que estacionar na igreja?

    Resposta
    • março 22, 2019 em 11:13 am
      Permalink

      É possível estacionar lá em cima sim…Mas não é todo carro que sobe a lomba e vais precisar deixar ele na beira da estrada…Até tem um pequeno estacionamento antes de entrar no cânion, mas aí já não tem mais estrada e se entra em uma pequena trilha…carro pequeno ou baixo, sem tração e essas coisas, não faz…

      Também não aconselho a usar esse estacionamento a não ser que esteja de moto, porque não é muito grande e o pessoal que trabalha pela região utiliza.

      Resposta
  • julho 17, 2017 em 8:59 pm
    Permalink

    Olá! Eu e uns amigos iremos fazer a trilha começando em morro azul até o cânion Pedras Brancas e depois vamos voltar pelo mesmo caminho. Pode passar teu contato/email? Tenho várias dúvidas.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *