Maquiné e Bananeiras – a trilha dos tropeiros

A travessia é, em grande parte, por trilhas que somem no meio da mata fechada e as paisagens não são tão esplendorosas quanto a caminhada das cumeeiras. O grande mérito deste trajeto está no fato de ser possível emendá-lo com outro percurso de 33km, com fim em Morro do Forno. Assim, torna-se uma travessia de três dias (pelo menos) e quase 70km de distância.

Com início em Maquiné, sobe-se pela “trilha dos tropeiros” (há placas indicando), a cerca de três quilômetros da bifurcação na estrada que leva à cascata do Garapiá. Depois de alguns quilômetros pelos campos de cima da serra, o percurso transcorre por uma estrada de terra até chegar na trilha que leva à vila Bananeiras e a Rota do Sol, a um quilômetro da trilha que sobe pela Serra do Pinto.



Mapa do trekking

.: Faça o download do GPS Track

As trilhas da Barra do Ouro e de Bananeiras são poucos utilizadas e as espécies nativas da mata atlântica são o principal obstáculo. Se decidir fazer a travessia, vá de calça e camisa de mangas cumpridas. Vai poupar muitos arranhões e queimaduras causadas por urtigas e outras plantas.

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1º Dia – Barra do Ouro até o campo aberto

Do centro de Barra do Ouro, parada final do ônibus que sai de Porto Alegre, até o início da trilha – um entroncamento entre a Cascata do Garapiá e a trilha dos Tropeiros, são mais de seis quilômetros. Este trecho pode ser feito de carro, dependendo do nível do rio Forqueta, que em épocas de cheia passa por cima das pontes de pedra e faz com que a única passagem sejam as pontes pênsil, construídas pelos moradores.

Há algumas casas na estrada de grama  que leva à subida e, antes de alcançar o início da trilha, atravessa-se um riacho. A subida é difícil – foram quase quatro horas até o topo – principalmente por causa da floresta que desaparece com a trilha em diversos trechos e cria obstáculos, como árvores caídas e bambus fechando passagem.

Há um ponto realmente complicado de encontrar o caminho, quando ele parece terminar em um muro de pedras.

Dica: o percurso segue por cima do muro. Outro alerta: até chegar ao topo, não há água. A grande recompensa do primeiro dia é uma enorme cachoeira, quase ao fim da trilha. A ideia é acampar lá em cima, antes de chegar a estrada que leva à descida.

2º Dia – Do campo aberto até a Vila Bananeiras

Para se guiar no campo, a dica é seguir uma cerca de arame farpado que se estende pelo campo. A estrada vai aparecer depois de alguns quilômetros à esquerda, sendo necessário atravessar uma floresta de Pinus para alcançá-la.

Há um riacho e algumas casas perto da estrada, não sendo necessário atravessá-lo, somente contorná-lo (à época, pegamos o caminho errado e tivemos que atravessar pela água, porém estava raso e não molhamos os pés – lembrando que era período de cheia). A trilha que leva a Bananeiras fica logo após passar por um galpão, já fora da estrada e, novamente, há muita mata fechada. A trilha, porém, não é tão incerta quanto a da subida.

Lá embaixo, o percurso segue cortando o Rio Bananeiras em diversos pontos – é necessário atravessá-lo pelo menos quatro vezes. Apenas os dois primeiros trechos são mais fundos, com necessidade de tirar as botas. Há um pequeno armazém na Vila, onde pode-se comprar alguns mantimentos básicos caso a decisão seja por seguir para a travessia até Morro do Forno.

Dicas

– A trilha foi feita com base no GPS track postado no Wikiloc pelo Jiro Sumino. Se quiser fazer a travessia, baixe o GPS Track. Foi utilizado, sem problemas, o GPS offline do próprio celular (funciona perfeitamente na região). Faça o download aqui. Perder alguns minutos estudando o mapa pode ser interessante também.

– Faça a trilha de bota, calças compridas e camisa de manga longa. Dependendo do clima, muitos trechos com barro viram verdadeiros atoleiros e mata é muito fechada, com mutias urtigas e plantas com espinhos. Um facão pode ser bem útil.

– Se for verão, tenha muito, muito cuidado onde pisa.

– Não há tanta água potável no percurso, carregue pelo menos dois litros.

Como chegar

De carro – É possível deixar um carro na Vila Bananeiras e outro em Maquiné, na igreja do entroncamento entre a “Cascata do Garapiá” e a “Trilha dos Tropeiros”. Entretanto, pense em utilizar transporte público – um morador afirmou que não é seguro deixar o carro por ali. Outra dica seria deixar, em Maquiné, o carro em alguma das dezenas de pousadas na região. Não saberia qual o melhor local para deixar outro automóvel em Bananeiras.

De ônibus – É possível ir até Barra do Ouro, desde Porto Alegre, com um ônibus que sai da rodoviária às 8h e às 14h, todos os dias. Para o resgate, a dica é chamar um taxi de Terra de Areia, custo de R$ 100.

 

Travessia Maquiné – Bananeiras

Dificuldade: Difícil
Duração: Dois dias
Distância: 30 km
Custo: R$ 120 | Passagem Porto Alegre – Barra do Ouro (R$ 30), Taxi Bananeiras – Terra de Areia (R$ 100, se for dividir entre dois, R$ 50) Passagem Terra de Areia – Porto Alegre (R$ 40)
Trilha: Incerta em alguns trechos

 

13 thoughts on “Maquiné e Bananeiras – a trilha dos tropeiros

  • janeiro 4, 2023 em 7:34 pm
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    Opa
    Não estão mais deixando fazer essa trilha…falaram que o proprietario ate colocou porteiras…E nao deixam mais passar de mochila
    no posto de controle da garápia

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  • julho 30, 2020 em 2:02 pm
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    Fala Henrique, Relatos incríveis!
    Obrigado por toda essa informação.
    Eu tô pensando em fazer esse trekking agora em agosto, iniciar em barra do ouro até a rota do sol em 5 dias. Sabe se tem alguma restrição por conta da Convid? Lendo seus relatos o que acha de 5 dias para fazer essas rotas?

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    • agosto 2, 2020 em 11:24 am
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      Oi Leo! Cinco dias é bastante tempo pra essa travessia. Se começares cedo a caminhar no primeiro dia, consegue fazê-la em dois, talvez três dias dependendo do estado da trilha. Mas não faça sem um GPS e um facão ou machadinha, porque deve ser necessária abri-la em alguns pontos.

      Quanto a Covid: como a trilha é de uso dos moradores, não está dentro de um parque, não há propriamente restrições na trilha, mas vais encontrar a necessidade de usar máscara em cidades da volta, por exemplo. Andei por essas bandas há umas duas semanas e os paradouros, lancherias, quitandas em beira da estrada só estão fazendo serviço de pegue-e-leve.

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  • junho 15, 2020 em 9:45 pm
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    Boa noite pessoal tenho casa na barra do ouro. E tenho muita vontade de pelomenus subir até a cascata da serrinha. To pela parceria.. abraço

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    • junho 16, 2020 em 1:11 pm
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      Marcos, só gostaríamos de lembrar que as condições dessa trilha podem estar bem ruins porque ela não é mais muito usada. Inclusive, recomendamos levar um facão, pois pode ser necessário abrir ela um pouco.

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  • agosto 6, 2019 em 7:36 am
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    Bom dia pessoal, to querendo subir a trilha do tropeiro até a cascata. Quanto tempo de caminhada em média ? Obrigado desde já whats 51 981646886

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    • agosto 6, 2019 em 2:58 pm
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      Não é uma trilha longa, mas pode estar muito fechada e é preciso ter cuidado pra não se perder. Um facão é fundamental.

      Desde o fim da estrada, a partir do começo da trilha, são de 3 a 4 horas de subida.

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  • março 22, 2019 em 11:29 am
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    Tudo bem Henrique? Vou fazer ao contrário este final de semana….Subindo em Bananeiras e descendo na Barra do ouro.

    Somente ja fui algumas vezes da barra para cascata da serrinha,o trecho da rota do sol pra la não conheço, lembra se demora muito da rota do sol até o campo para acampar? O Bus deve deixar umas 10 horas na rota do sol….Abraço.

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    • março 22, 2019 em 11:47 am
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      Oi Moisés, tudo bem? Levamos umas quatro horas do campo até a Rota do Sol. Mas duas observações: nos perdemos um pouco, atravessando um córrego que não era necessário atravessar…Aí, tivemos que atravessar de volta para seguir caminho por uma estrada. Também precisas observar que descemos o morro e não subimos, então levamos menos tempo.

      O que também nos atrasou bastante, neste trecho, foi as travessias de rio – são várias entre o pé do morro e a Vila de Bananeiras. Aí tu fica naquela de “tira a bota – coloca a bota”. Talvez, faz esse pequeno trecho das travessias com sandálias ou chinelos e coloca a bota só quando começar a subida pela trilha (bota é imprescindível pra subir, pois a mata deve estar fechada, tem aranhas, plantas com espinhos – protejam bem as pernas e até os braços se for possível com alguma camisa de mangas longas).

      Lembrando que essa trilha é pouco utilizada e não sei como está as condições dela. Um facão pode ser de grande ajuda.

      Se tiver como, dá um retorno para nós informando as condições da trilha.

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      • maio 28, 2019 em 5:31 pm
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        Opa Henrique beleza?
        Acabei por esquecer de responder.

        A primeira parte, que foi tua última, ou seja, o trajeto entre bananeiras e a gaucha estava bem ruim, o mato tomou conta, tendo que se cortar muita coisa de facão e em algumas partes nao há mais trilha. É bem isso que tu falou. Muito mato,espinhos, aranhas e teias, até cobra vimos. Em uma parte que seria um campo ou invernada, o tipo de vegetação ou pasto que há la, tomou conta. Eh semelhante a cana, bem alta, nao existindo mais vestígios de trilha. Formam-se falsos trilhos por causa do gado que existe la e caminhou, mas em suma, não havia como se achar ali, era bem no GPS e na coragem. Essa parte de bananeiras esta pior que a Serrinha na barra do ouro. Em breve, vamos outra vez hehe. Abraço.

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    • junho 8, 2018 em 1:49 pm
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      E ai Diogo. Que massa que tu fez a trilha e ta dando esse retorno pra quem quiser fazer!

      Nossa travessia também foi complicada por causa da quantidade de mato. Acredito que ela não seja muito utilizada hoje em dia…

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