Trekkings e trilhas para fazer em El Bolsón, na Argentina

El Bolson é uma pequena cidade localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, entre Bariloche (90km) e Esquel (160km). Conhecida por ser a “capital hippie da patagônia”, possui a maior concentração de campings na região.

Outra característica de Bolson são os preços – o local é muito mais econômico que Bariloche e as outras cidades da região. Fiquei no camping El Bolson, localizado a 2km do centro em uma cervejaria. Custou R$ 20 (100 AR), com wii-fii, ducha quente, tomadas, geladeira e churrasqueira. Em comparação, o camping mais barato de San Martin de Los Andes, apenas com ducha quente, custava R$ 40 (200 AR).

O circuito Hielo Azul – Laguitos é feito dentro da Área Protegida Rio Azul. São pelo menos cinco dias de caminhada, por mais de 70km (se você quiser ir até o Lago Escondido, adicione mais um dia e 20km), acampando nas áreas organizadas do parque.



Atividades de montanha na patagônia

A não ser que seja a sua proposta pegar muita neve e frio, esse circuito deve ser feito entre os meses de outubro e abril. Sempre confira o prognóstico do tempo, indico olhar pelo site do Meteored (por mais que mude muito rápido na região).

Os trekkings de El Bolson

Por estar fincado em uma grande cadeia de montanhas, o vilarejo é muito procurado por quem gosta de trekking. São pelo menos quatro circuitos, doze trilhas e dez refúgios/campings nas montanhas. A principal atração é o glacial Hielo Azul, uma caminhada feita, geralmente, em dois dias, tramos da Huela Andina, que passam pelo parque Los Nahuel Huapi e um passo internacional para o Chile, pelo Lago Puelo.

Clicando na imagem, você pode fazer o download do mapa com os principais circuitos da cidade. Eles marcam apenas as trilhas até os refúgios. Por exemplo, no caso do Hielo Azul, o mapa mostra as distâncias até o refúgio, para chegar até o glacial, são necessários caminhar mais 3 quilômetros, 600 metros para cima, em uma caminhada de pelo menos uma hora.

Como chegar em El Bolson

Para chegar em Bolson, é preciso antes ir para Bariloche ou Esquel. De Bariloche, a cidade mais próxima que possui aeroporto, são duas horas de ônibus ao custo de 95 AR (cerca de R$ 20). De Esquel, são três horas de viagem. O ticket custa, em média, 200 AR (R$ 40).

Os cinco dias de circuito Hielo Azul – Cajon del Azul – Laguitos

De todos os trekkings que fiz na patagônia, este foi, sem dúvida, o mais difícil. A principal fator é a inclinação da montanha. Devido a isso, não consegui fazer o circuito completo. Em Laguitos, a ideia era caminhar até o Lago Escondido e depois voltar pela trilha do refúgio Dedo Gordo. Não foi possível: primeiro porque a trilha até o Lago Escondido adicionaria mais um dia no circuito e havia levado comida para cinco dias. Quanto a trilha do Dedo Gordo, descobri que era necessário subir 800 metros e depois descer mais de mil. Simplesmente, eu não tinha mais pernas para isso.

Vale lembrar que em todos os refúgios há lanches, pratos e mantimentos para vender. Porém, custam duas ou três vezes mais que nos mercados. Como viajei com o dinheiro contadinho, não pude me dar ao luxo de ter esses gastos.

Os campings na montanha custam entre 70 AR (R$ 16) a 100 AR (R$ 20), sem ducha, internet ou qualquer outra comodidade. Alguns oferecem ducha quente por um adicional de 50 AR (R$ 10). Não é necessário pagar entrada para o parque, porém é necessário fazer registro na Oficina de Montaña de Bolson.

Temporada 2017/2018

Alguns refúgios, como o Hielo Azul, estão fechados na atual temporada. Porém, as trilhas estão abertas e os locais de acampar devem ser usados, assim como os banheiros biológicos. Lembre de levar sempre seu lixo consigo.

1º dia – De El Bolson ao refúgio Hielo Azul

A trilha que leva ao refúgio Hielo Azul começa no camping Doña Rosa, a 7km do centro da cidade. Na alta temporada, existe um ônibus que sai de duas em duas horas, a partir das 8h, e custa 35 AR. Porém, a caminhada não é difícil e pedir carona é prática comum na região. Infelizmente, não tive sorte nessa manhã, e fiz todo o percurso caminhando, em uma hora e meia.

Chegando no camping Doña Rosa, são mais 19km até o refúgio. O primeiro trecho, de quase uma hora, é plano e sem muita dificuldade, sempre costeando a orelha do Rio Azul. Chega-se a uma grande ponte e, do outro lado dela, começa a subida.

São quase mil metros de aclive até o refúgio, às vezes com uma inclinação de 70º. Toda a trilha é bem sinalizada, com marcas vermelhas e amarelas nas árvores e passam por dois miradores, nenhum deles muito impressionantes.

A ideia é montar acampamento para, no outro dia, despertar bem cedo e seguir para o glacial Hielo Azul. A trilha é montanha acima (600 metros de aclive) e leva em torno de uma hora e meia.

2º dia – Do glacial Hielo Azul a trilha do Cajon del Azul

São cerca de três horas para subir e descer da montanha que esconde o glacial Hielo Azul. A subida, mais uma vez, é íngreme, e em alguns pontos é preciso utilizar as mãos para subir. Também há muitas pedras soltas a partir da metade da montanha, que dificultam um pouco o acesso ao cume.

Saí às 8h e às 11h já estava no acampamento desmontando a barraca. Às 13h parti para a trilha que cruza o refúgio e a Laguna Natacion em direção ao refúgio Cajon del Azul. O primeiro trecho é uma subida de 100 metros, a mais íngreme de todo o circuito. Às vezes, é necessário buscar algumas raízes no chão para ajudar na caminhada.

Ao chegar no refúgio, deve-se costear a Laguna Natacion e descer 800 metros pela encosta da montanha. Ali, é possível ter uma vista incrível de todo o vale. Mas desça com cuidado. Novamente, o caminho é muito, muito íngreme.

A ideia era chegar até o camping La Horqueta, mas cheguei ao acesso para o refúgio Cajon del Azul totalmente sem pernas da descida. Depois, segui ao camping pela margem esquerda do rio, um caminho muito mais difícil do que a trilha pelo lado direito. No fim, acabei passando a noite no refúgio Rentamal.

3º dia – Refúgio El Rentamal até refúgio Laguitos

O caminho segue todo por uma estrada de terra, sempre pela margem do Rio Azul. Há algumas trilhas secundárias que levam para a nascente do Cajon del Azul e cachoeiras, mas com um pouco de cuidado é impossível se perder. A estrada sobe e desce e, em alguns pontos vira um verdadeiro lodal.

Foram pouco menos de cinco horas até Laguitos e, chegando lá, fui avisado que a trilha até a Laguna Escondida estava fechada. De todo modo, são necessárias quatro horas para ir e quatro para voltar – ou seja, é necessário adicionar mais um dia no camping. Às três horas já estava com a barraca montada, as pernas doíam muito e fazia muito frio.

Fiz uma fogueira grande e praticamente “entrei” dentro dela para aumentar a sensação térmica. A 1300 metros do nível do mar, a temperatura ficou abaixo dos 0º e foi um dos dias mais frios que passei na patagônia.

4º dia – De Laguitos até camping Confluencia

Foram 24km nesse dia, indo até o primeiro acampamento dentro do parque Rio Azul, o Confluencia. Para chegar até o camping Warton e a estrada, são necessários caminhar mais 2km, que ficaram para o outro dia.

5º dia – Retorno a cidade

Foram 2km até o camping Warton e mais uns 4km caminhando de volta para a cidade e pedindo carona, até que uma caminhonete parou e me levou por 16km, até a Ruta 40.

Dicas

– Antes de sair, vá até o Centro de informes do parque. Faça o seu registro e pegue uma versão física do mapa de trilhas. Não esqueça de, ao voltar, avisar novamente que você chegou;

– Avise sua família que vai pra montanha. Não há sinal de celular, wii-fii ou 3G;

– Há água em abundância por todo o circuito, com exceção do trecho entre a ponte que atravessa o Rio Azul e a trilha que leva até o refúgio Hielo Azul. Ao atravessar a ponte, encha sua garrafa (leve pelo menos 1 litro de água);

– Bolson não está tão ao sul, mas faz muito frio. A noite que passei acampado no refúgio Laguitos fez tanto frio quanto em Ushuaia. Tenha um saco de dormir com conforto 0º;

– Nunca deixei restos de comida dentro da barraca, sempre fora, de preferência pendurado em uma árvore. Também leve sua comida em sacos hermeticamente fechados. Histórias de ratos que roem a barraca para comer comida são comuns;

– Nas trilhas, fique sempre atento às marcas amarelas e vermelhas.

– El Bolson fica pertinho de uma das cidades mais famosas da Argentina e da patagônia, Bariloche. Se você não sabe porque, vale a pena ler esse artigo do blog World by 2 com 10 motivos para visitar Bariloche!

– E se você for para a região na estação mais fria do ano, não deixe de ler essas dicas do que fazer em Bariloche no inverno do blog Caminhos me Levem.

Onde ficar

Além do camping El Boslon, que citei acima, vale a pena dar uma olhada nas ofertas do site Booking.com. Na patagônia argentina, é possível ganhar bons descontos reservando as hospedagens com, no mínimo, um mês de antecedência.

Circuito Hielo Azul – Laguitos

Dificuldade: Dificil
Duração: Cinco dias (seis dias se você quiser ir até o Lago Escondido)
Distância: 65km (Mais 14km se você ir até o Lago Escondido)
Custo: R$ 60 (300 AR) – preço de camping por 4 noites
Trilha: Bem demarcada

4 thoughts on “Trekkings e trilhas para fazer em El Bolsón, na Argentina

  • março 16, 2021 em 5:00 pm
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    Como são esses refúgios? Dá pra pernoitar neles? Quais os custos neles?

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    • março 16, 2021 em 8:11 pm
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      Oi Wellington. Os refúgios são grandes cabanas de madeira, geralmente com quartos no andar superior, com beliches e camas. Pode pernoitar neles, mas precisa reservar antes e isso você faz no Clube, no centro da cidade. É até importante passar lá antes para se informar sobre quais refúgios estão abertos, pois eles não ficam abertos em toda a temporada. O preço, quando fui, variava entre R$ 60 e R$ 100 por noite, mas nem sempre havia espaço para pernoite neles…

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  • janeiro 19, 2018 em 9:33 pm
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    Baita dicas. Podes me informar o nome desse camping que fica a 2kn do Centro de El BOlson e que fica numa cervejaria? Grato e parabéns pelas caminhadas ☺

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    • janeiro 21, 2018 em 1:29 pm
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      O camping se chama “El Bolson”, ahahaha! Fica ao norte da Ruta 40, perto de um posto de gasolina da YPF.

      Resposta

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