Cânion Josafaz: trilha no norte do Rio Grande do Sul

Começar um trekking pela fenda do cânion Tajuvas é apenas um dos atrativos desta travessia,  que tem o cânion Josafaz como ponto alto. É percorrida normalmente em dois dias, por 40 quilômetros de campos, montanhas e florestas ainda pouco explorados, em uma trilha de nível moderado e com água em abundância. O início é na Vila do Morro Azul, em Três Cachoeiras, com término na Serra do Silveirão, em Roça da Estância, distrito de Mampituba.

Com seus 16 quilômetros de distância, o cânion Josafaz é um dos maiores do sul do Brasil em extensão, delimitando parte da divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Seu vértice marca o ponto mais extremo da divisa geográfica entre os dois estados, além de formar uma bela cachoeira.



Mapa do Cânion Josafaz

.: Baixe o GPS Track da trilha

Mais de um terço do trekking segue o mesmo caminho da travessia pelo Cânion Tajuvas e cânion Pedras Brancas, e outro pequeno trecho, a rota utilizada na Caminhada pelas cumeeiras (RS).

Vale ressaltar que esse é o trekking que tem a logística mais difícil, por terminar em Roça da Estância, uma vila isolada, quase na divisa com Santa Catarina. Os outros dois roteiros mencionados acima terminam na Rota do Sol é possível pedir um taxi da rodoviária de Terra de Areia para o resgate.

De todo modo, vale a pena a visitar  a região, nem que for para um bate e volta. É possível subir e descer o cânion Tajuvas (cerca de 100km de Porto Alegre) no mesmo dia e desfrutar a vista de diversos “platôs”.

Veja como é a trilha

– Não deixe lixo por onde passar, sempre recolha tudo e leve de volta consigo.

– Conheça outras trilhas no Rio Grande do Sul

1º dia – Do Morro Azul até o cânion Josafaz

Morro Azul é apenas uma das várias pequenas vilas que se estendem pela região do Vale do Josafaz. O “centro”, onde fica a igreja e o armazém “Moderno”, é o fim da linha dos ônibus. Porém, o primeiro trecho, com cerca de seis quilômetros, vale a dentro, pode ser feito de carro.

De automóvel, a igreja da Vila Tajuvas marca o início da caminhada. Ela fica próxima a base do cânion Tajuvas. Primeiro, é preciso subir por uma estrada, para então entrar na trilha que percorre sua fenda.

Para alcançar o topo do cânion é preciso subir, por três quilômetros, um trecho com mais de 500 metros de aclive, grande parte por uma “escada” de pedras. A água verte das encostas e não faltam lugares para reabastecer o cantil ou descansar.

Subindo o cânion Tajuvas

Desde a casa do padre, última moradia, localizada ao fim da estrada da igreja, ganha-se o cume em cerca de duas horas. A partir daí, é preciso mais atenção, pois há vários trechos em que a trilha desaparece. São regiões de pampa, em campo aberto.

Atentamente, é possível ver vestígios dela. Do passo do Cânion, chega-se ao “galpão do Tajuvas” em vinte minutos. A última vez que subi, havia algumas marcações feitas com bandeiras amarelas e brancas, auxiliando a navegação. Mas não conte que elas estarão lá quando você subir.

Vai ser necessário pular algumas cercas de arame farpado e passar por algumas porteiras para seguir na trilha. Lembre-se de fechá-las sempre. Após cinco, seis horas de caminhada, alcança-se um portão, que leva até uma estrada. Para esquerda, vamos ao cânion Pedras Brancas.

O cânion Josafaz fica no caminho da direita, mesmo caminho feito na Caminhada pelas cumeeiras (RS). Pegue a estrada e logo vai chegar a uma casa e um grande galpão. O cânion Josafaz está a pouco mais de meia hora de distância. A ideia é acampar nas imediações.

2º dia – do cânion Josafaz até Roça da Estância

O cânion Josafaz é um dos pontos altos do trekking, com suas paredes marcando o trecho mais ao sul da divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Dali, é necessário fazer a travessia do rio Josafaz para alcançar a Serra do Silveirão (atenção: o ponto de travessia é diferente da Caminhada pelas cumeeiras). Se não quiser encharcar as botas, tire-as. Acampe antes de cruzar o rio, pois a partir de agora, a trilha segue por mata fechada e terreno úmido, com muito barro e banhados.

O caminho é bem demarcado, mas pode ser um pouco complicada percorrê-lo por causa da lama, principalmente se estiver chovendo. São cerca de quatro horas, desde o cânion Josafaz, até alcançar uma estrada de terra, que marca o ponto mais alto do trajeto, a mil metros do nível do mar, já na Serra do Silveirão. Seguindo à esquerda, por dois quilômetros, se encontram a lagoa e a cascata do Silveirão.

Para chegar em Roça da Estância, siga à direita. Basta descer pela estrada por cerca de dez quilômetros e pronto, de volta à civilização.

Dicas

– A trilha foi feita com base no GPS track postado no Wikiloc pelo Jiro Sumino. Em razão dos diversos trechos em que a trilha fica confusa, é indicado o uso de um GPS, nem que for o do celular (funciona perfeitamente na região). Faça o download aqui. Perder alguns minutos estudando a mapa pode ser interessante. Por exemplo: na maior parte do trekking, há florestas à esquerda e campo aberto à direita da trilha.

– A Serra do Silveirão fica a mais de mil metros do nível do mar e é possível que os termômetros estejam marcando uma temperatura próxima a 10º mesmo no verão. Agasalhe-se.– Faça a trilha de bota. Dependendo do clima, muitos trechos com barro viram verdadeiros atoleiros, principalmente dentro da mata mais fechada. Mesmo os campos são úmidos. O Vale do Josafaz é a nascente de diversos rios e o que não faltam são charcos para atravessar pela trilha.

– Quase no fim da subida do cânion Tajuvas, há uma porteira que leva para o topo da perna esquerda do cânion. Havendo tempo, suba. Após atravessar a porteira, pegue a primeira a trilha à esquerda até sair em campo aberto. Caso seguir reto, vai acabar na Rota do Sol.

– Outro platô incrível de se conhecer (a foto de capa da matéria foi tirada lá) está localizado há trinta minutos do galpão Tajuvas. Após passá-lo, é necessário atravessar uma cerca de arame farpado (há uma porteira ao lado, porém um riacho passa por ela). Aí, uma uma pequena trilha termina em um campo aberto. Em vez de continuar pela trilha de pedra (no campo aberto, ela está bem apagada, mas fica na beira da fenda da montanha), tome a direção contrária até o fim do cânion.

Como chegar

De carro – o melhor local para começar a trilha é no estacionamento que fica atrás da Igreja Tajuvas. Se estiverem em dois carros, basta deixar um deles no final da trilha, em Roça da Estância, e então seguir com o outro para Morro Azul, via RS – 494.

P.S.: Há uma estrada que leva até perto do cânion Josafaz, passando pelo cânion Pedras Brancas. Porém, seu acesso só pode ser feito com um veículo tracionado.

De ônibus – é possível ir até Três Cachoeiras desde Porto Alegre e pegar um taxi na rodoviária (R$ 60) ou então outro ônibus para o Morro Azul. São seis por dia que fazem o percurso (cerca de R$ 5). Há ainda a linha “Mampituba/Morro Azul”. Sai uma vez por semana, sábado, às 7h, da rodoviária de Porto Alegre, e para no centro da vila. Na volta, pelo menos um ônibus por dia sai de Roça da Estância em direção a Torres e Mampituba por dia.

Na vila, é possível acampar no terreno ao lado do mercado (o dono mora no prédio) ou pagar uma “carona” com um morador que faz serviço de taxi (cobrou R$ 15 até Mampituba). Basta perguntar por ele que todos o conhecem. Ainda é possível combinar o resgate com algum taxista de Mampituba ou Morrinhos do Sul.

Trilha Cânion Josafaz: Morro Azul – Roça da Estância

Dificuldade: Moderada
Duração: Dois dias
Distância: Cerca de 37km com início em Morro Azul
Custo: R$ 80 (Passagem Porto Alegre – Morro Azul = R$ 30, taxi Roça da Estância a Mampituba = R$ 15, Passagem Mampituba – Porto Alegre = R$ 35). O taxista da rodoviária de Três Cachoeiras cobra cerca de R$ 60 para fazer o trajeto até a casa do padre.
Trilha: Incerta em pequenos trechos

30 thoughts on “Cânion Josafaz: trilha no norte do Rio Grande do Sul

  • fevereiro 28, 2021 em 10:09 am
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    Bom dia, Gostaria de conhecer o canion Pedras Brancas e Josafaz, sabe informar se é possivel chegar lá de carro 4×4? E se o acesso é permitido ou tem que pedir autorização para o proprietário?

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    • fevereiro 28, 2021 em 10:13 am
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      Oi Rafael…Sim, é possível chegar com carro 4 x 4…Até onde sabemos, o acesso é permitido, pois as estradas que vão até os cânions são públicas…

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  • julho 23, 2020 em 4:23 pm
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    Gostei do tema de sua divulgação, gostaria de ver se é pertinente para meu site.

    Sds.

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  • maio 14, 2020 em 7:45 pm
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    Oi Henrique! Eu quero fazer uma trilha até o Josafaz, passando pelo Pedras Brancas também, mas subindo e descendo pelo mesmo lugar pra ir de carro e não depender de táxi ou carona. Qual das trilhas tu recomenda, essa subindo pelo cânion Tajuvas, ou a outra que começa em Morro do Forno e sobe pela crista da serra? Me parecem ser as melhores opções.

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    • maio 15, 2020 em 9:49 am
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      Eu diria que essa do Morro do Forno é a menos indicada neste sentido, pois é a trilha mais difícil de todas as 6 que temos mapeadas aqui no Blog que dão acesso aos cânions. Eu te aconselharia subir e descer pelo Tajuvas. Tem outra boa opção que seria subir pela Serra do Pinto e descer pela Serra do Barroso, que são duas trilhas que ficam a cerca de 1km de distância uma da outra, com acesso pela Rota do Sol, e estão aqui em outras trilhas, mas como ponto de descida. De toda forma, são trajetos que vais precisar acampar pelo menos uma noite pra fazer.

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  • janeiro 22, 2020 em 12:29 am
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    Beleza pessoal, estarei partindo nesse trekking e acampamento agora primeira semana de fevereiro de 2020. Alguma dica importante? Alguma mudança? Alguém partindo pra la por esta época também?

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    • janeiro 22, 2020 em 4:36 pm
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      Fora o que já está no post, o que posso lhe dizer é: olho na previsão do tempo. Às vezes, está 35º em Porto Alegre e pra essas bandas está fazendo 7º na madrugada. Então vá minimamente preparado!

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    • março 2, 2020 em 9:27 am
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      Também estou querendo ir nesta semana, porém não vou fazer a travessia. Pretendo ir de morro azul até o canion acampar por perto da Cachoeira e voltar, se tiver tempo passar pelo pedras brancas.

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  • junho 25, 2019 em 7:55 pm
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    Esses canions são realmente maravilhosos. Conheci o do Itaimbezinho e achei sensacional. Tenho vontade de voltar lá sempre.

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  • junho 30, 2018 em 7:23 pm
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    Boa noite.

    pretendo ir de moto e deixá-la na roça de estância, então voltar de ônibus ou “carona” até o inicio da trilha em morro azul. será que é possível? qual seria a melhor forma?

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    • julho 1, 2018 em 7:50 pm
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      Então, essa logística é bem complicada pra se fazer com veículo particular. Primeiro, teria que tomar um ônibus de Roça da Estância pra Torres, na época que fui, passava pelas 13h, mas é bom confirmar isso…deepois, um ônibus de Torres pra Três Cachoeiras, e de Três Cachoeiras, um ônibus ou um taxi até Morro Azul…Se for de carona, poderia tentar ir de Roça da Estância até a RS-020 e descer por ela ate a entrada de Morro Azul

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      • março 2, 2020 em 9:20 am
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        Estou planejando ir nesta época também.

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  • junho 26, 2018 em 8:56 pm
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    Boa tarde.

    Esse domingo iria ir e voltar no mesmo dia saindo de roça da estância bem cedo. Ir até o Josafaz r voltar. O que acha muito puxado? Demora muito pela estrada ate chegar no ponto onde ha a lagoa e a cascata? Digo subindo, so para ter uma noção de tempo. No texto a referencia do josafaz, indo ate esse acesso foi de 4 horas voltando.
    Abraço.

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    • junho 27, 2018 em 12:00 pm
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      Se for subir de carro a estrada até a cascata e a lagoa, tu consegue chegar no Josafaz e voltar no mesmo dia, mas precisa começar a caminhar cedo e sim, vai ser puxado.

      Caminhando desde a cidade e subindo toda a estrad a pé, não tem como. Vai levar um dia inteiro só pra chegar no Josafaz.

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        • julho 2, 2018 em 2:54 pm
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          Po, 40km em um dia, e com aquele aclive e declive todo, não é pra qualquer um hein. Mas tu mostrou que é possível fazer a trip em um dia, parabéns!

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          • julho 3, 2018 em 10:57 pm
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            Valeu brother, mas o parabéns vai a está tua página, muito boa qualidade de relatos, mapas, dicas e etc.
            Foi por aqui que fiz serra do barreiro, tajuvas,josafaz, silveirão, conhecendo aqui e colhendo informações para o planejamento.
            Valeu o compartilhamento de informações. Grande abraço.

          • julho 3, 2018 em 11:23 pm
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            Fico super feliz de ler isso!

            O que a gente busca divulgando essas trilhas é estimular a cultura do trekking, que mais pessoas possam conhecer esses lugares e tenham esse contato mais próximo com a natureza.

            Acredito que essas experiências nos transformam como pessoa e que esse contato de verdade nos conscientiza em valorizar e proteger nossos bens naturais!

            Um abração, Moises!

  • dezembro 25, 2017 em 2:03 pm
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    Olá
    Qual a distância da roça da estância até a cascata do Silveirão?
    Dá para fazer num dia?

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    • dezembro 25, 2017 em 6:31 pm
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      A distância exata eu não sei, mas não é muito longe não, algo como uns 10, 12km. Tu consegue subir e descer no mesmo dia se vir por Roça da Estância.

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  • novembro 24, 2017 em 4:21 pm
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    Muito bom Henrique, tuas dicas são ótimas e bem detalhadas, este lugar é demais, se tiver parceria para os perrengues a aventura e as paisagens compensam todo esforço… Obrigado por compartilhar!

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  • fevereiro 12, 2017 em 11:49 pm
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    Opa,
    Sabe se a segunda parte do trajeto, após o vértice do josafaz, pode ser feita descendo o josafaz, isto é, por dentro do cânion? Tem trilha por ali?
    Valeu, parece muito bacana o passeio.
    Abs

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    • fevereiro 18, 2017 em 2:34 pm
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      Logo depois que tu atravessa o rio, saindo do vértice, tem uma trilha que vai pra esquerda, pra dentro dele, mas vou te dizer que não sei onde vai dar, se chega a descer. Sei que existe pelo menos uma trilha por baixo, perto do Rio, mas não sei onde é o acesso.

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  • janeiro 15, 2017 em 9:50 pm
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    Obrigado pelo retorno Henrique, teria como fazer um trekking de dois dias passando pelo Canion das Pedras Brancas e ir até o Josafaz acampar e no outro dia voltar pelo mesmo caminho? Ou o mais bonito é fazer este trajeto que vc fez? È que como não conheço nada daquela região e to achando meio complicado a logística la.. fico no aguardo, abraço

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    • janeiro 16, 2017 em 10:27 pm
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      Poderia fazer o caminho do trekking das cumeeiras, a ideia é passar o Josafaz e dormir no Pedras Brancas. As outras rotas passam por um ou outro canion, não juntam os dois. Mas eu teu recomendaria fazer a travessia, a Serra do Pinto é incrível.

      A logistica é um pouco dificil, realmente. A primeira vez que subi não fiz travessia. Subi e desci o Tajuva pra fazer um reconhecimento da área, talvez seja uma boa.

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  • janeiro 1, 2017 em 12:12 pm
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    Buenas… Preciso pegar humano autorização com os proprietários das terras para poder cruzar ou é terra do governo em sua maioria?

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    • janeiro 1, 2017 em 7:19 pm
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      Parte das trilhas passa por terras privadas, parte é por estradas do governo. Mas é bem comum na região que as pessoas cruzem essas terras privadas pelas trilhas, tanto a pé quanto de moto e cavalo. Nunca fui barrado, quando encontrei moradores sempre me trataram super bem, inclusive me deram dicas e indicaram outras trilhas que poderia fazer pela região.

      Claro, seja simpático, sempre feche as porteiras quando abrir alguma, não deixe lixo nem assuste os animais. Fazendo isso, não deves ter problemas.

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