Trekking pela crista das montanhas do RS

Sem dúvida, a caminhada pelas cumeeiras é uma das mais belas travessias do Rio Grande do Sul. Não só por passar pelo cânion Pedras Brancas e o cânion Josafaz – acidente geográfico com mais de 16 quilômetros de extensão que delimita o ponto mais ao sul da divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O que mais chama atenção aos olhos são as paisagens expostas na subida e descida da serra. A travessia, com 33 quilômetros e um aclive acumulado de 1578 metros, é vencida em dois dias. Começa na vila de Morro do Forno, distrito de Morrinhos do Sul, município próximo a Três Cachoeiras, pela crista de uma montanha, até o seu cume.

Segue por campo, passando pelos dois cânions mencionados acima, com descida pela trilha do Gerivá, na Serra do Pinto, à beira da Rota do Sol. Em vários pontos, a trilha fica indistinta ou cruza com outras, por isso nem pense em fazer essa travessia sem GPS – um de celular, que funcione offline, já serve.



Mapa

.: Clique aqui e baixe o GPS Track

Uma pequena parte do percurso transcorre pela mesma estrada percorrida em outras duas travessias já relatadas no A pé no MundoCânion Pedras Brancas (RS): a travessia por um gigante e Vale do Josafaz e Serra do Silveirão (RS): paraísos quase inexplorados. Consulte-as se quiser saber mais da região.

O mesmo trekking já foi feito na direção contrária. Não aconselho, tanto por questões logísticas – há um ônibus que sai de Porto Alegre e deixa na Vila – quanto técnicas. Descer pela crista é mais complicado do que subir. Só é aconselhável o caminho contrário caso vá “emendar” a travessia com outra, iniciando assim em Maquiné, na Barra do Ouro, terminando na Vila Bananeiras.

Veja como foi é a trilha

– Não deixe lixo por onde passar! Recolha tudo e leve de volta consigo.

 

Dia 1 – da Vila de Morro do Forno até o Cânion Pedras Brancas

O início da trilha fica a pouco menos de um quilômetro do centro da vila, antes de uma ponte. A subida começa íngreme e logo se entra em um vale. O visual do Morro do Forno vai ser um companheiro durante toda a subida. O primeiro cuidado que se deve ter é pegar o potreiro (campo onde as vacas pastam) certo para subir, logo após passar por todas as casas, em um ponto em que a estrada começa a fechar. Aí é “só” subir até o ponto mais extremo, onde começa um mato que vai terminar na crista.

Tecnicamente, o ponto mais crítico vem após o matagal. A trilha vira uma escadaria de pedras e, quando se está a 700 metros, é preciso dar uma pequena escaladinha, nada muito complicado se feito com calma e atenção.

Em dias de pouca nebulosidade, é possível ver o mar e Torres ao longe, já do meio da subida. No cume, o percurso entra dentro do mato e é preciso ter, novamente, cuidado com o GPS até chegar no cânion Josafaz. Ainda na mata, a trilha fica incerta em vários pontos. Quando voltar para o campo aberto, o trajeto vai seguir o curso contrário de um riacho, que vai levar até o rio Josafaz. Há uma passagem por cima de pedras para ganhar o outra margem sem molhar os pés e, seguindo reto, logo se está no cânion.

A partir daqui, segue-se por estrada, pelo mesmo caminho percorrido no relato da travessia Vale do Josafaz e Serra do Silveirão, até o portão que leva ao cânion Tajuvas. Entretanto, em vez de entrar na trilha, segue-se pela estrada, fazendo agora o mesmo percurso da trilha Cânion Pedras Brancas. O camping indicado é o campo próximo ao rio Pedras Brancas.

Dia 2 – Cânion Pedras Brancas até a Rota do Sol

Depois do café da manhã e de admirar o cânion Pedras Brancas, é hora de seguir, ainda pela mesma estrada percorrida no relato da travessia pelo Cânion Pedras Brancas.

Há um banhado na estrada, intransponível, até onde sei, sem molhar os pés. A dica é tirar as botas e atravessar de uma vez. Não perca muito tempo.

É preciso sair da estrada, que leva até a descida do Barreiros, alguns quilômetros depois de atravessar um portão próximo a um galpão e uma casa de madeira. Novamente, GPS na mão para cruzar um campo até o início da trilha do Gerivá. Por um bom trecho, o percurso vai por dentro de um mato, a beira de um riacho, até chegar na encosta de uma montanha. Há várias trilhas dentro da mata e o GPS pode ser necessário.

A travessia segue pelas encostas, subindo, descendo, entrando em matas fechadas e saindo delas para possibilitar belas vistas do vale. No cume do último morro, há um pequeno riacho e uma trilha curta por mata, até chegar em uma casa de madeira que fica quase no topo da montanha (foto de abertura do relato). A partir da casa, é só descida até a Rota do Sol.

Dicas

– A trilha foi feita com base no GPS track postado no Wikiloc pelo Jiro Sumino. Se quiser fazer a travessia, baixe o GPS Track. Foi utilizado, sem problemas, o GPS offline do próprio celular (funciona perfeitamente na região). Faça o download aqui. Perder alguns minutos estudando o mapa pode ser interessante também.

– Faça a trilha de bota. Dependendo do clima, muitos trechos com barro viram verdadeiros atoleiros. Mesmo os campos são úmidos. O Vale do Josafaz é a nascente de diversos rios e o que não faltam são charcos para atravessar pela trilha.

– Uma calça também é indicada para “não picar as pernas” por causa da vegetação agressiva na crista das montanhas.

– Há muitas fontes com água potável no percurso.

Como chegar

De carro – É possível deixar um carro no centro de Morro do Forno e outro na pequena vila ao fim da trilha, porém não aconselharia por ser um local um tanto desabitado às margens de uma rodovia muito movimentada.

De ônibus – é possível ir até Três Cachoeiras, desde Porto Alegre, e pegar um taxi na rodoviária até Morro do Forno (R$ 100, no mínimo). Há ainda a linha “Mampituba/Morro Azul”, que sai uma vez por semana, sábado, às 7h, da rodoviária de Porto Alegre, e para no centro da vila de Morro do Forno. Na volta, a dica é chamar um taxi de Terra de Areia, custo de R$ 120. Indico o Ronaldo Quadros (51 9827 6501 ou 51 8219 8601) Entre quatro pessoas, fica R$ 30 para cada.

Travessia pelas cumeeiras

Dificuldade: Difícil
Duração: Dois dias
Distância: Cerca de 32 km
Custo: R$ 120 (Passagem Porto Alegre – Morro do Forno (compre a passagem para Morrinhos do Sul)  = R$ 40, Taxi até Terra de Areia R$ 40 (total era R$ 120, mas dividi com dois amigo) Passagem Terra de Areia – Porto Alegre = R$ 40).
Trilha: Incerta em vários trechos

– Veja outras trilhas no Rio Grande do Sul

 

18 thoughts on “Trekking pela crista das montanhas do RS

  • maio 20, 2020 em 10:09 pm
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    Fim de semana (dias 6 e 17/05) tentei fazer esse trajeto das Cumeeiras mas não consegui completar.
    Iniciamos a caminhada em Morro do Forno às 10hs, perdemos uma hora por pegar caminho errado, aí tivemos que acampar no Cânion Josafaz devido ao horário, essa época anoitece cedo. Se conhecêssemos bem o caminho, daria para seguir até Pedras Brancas mesmo com a pouca luz do dia que restava.
    No dia seguinte fomos até a entrada para a trilha da descida pela Serra do Barreiros, como já eram 14hs, abortamos a descida, não chegaríamos antes do anoitecer na Rota do Sol e não tínhamos mais um dia disponível para acampar.
    Mesmo fazendo parte do trajeto, valeu muito a pena, a subida foi incrível, ficamos bastante tempo contemplando os cânions, foi tudo ótimo.
    Conseguimos uma carona para nos levar pela estrada até a tenda do Jajá, onde deixei meu carro.

    Agradeço as dicas aqui expostas, sem o mapa seria muito difícil chegar ao Josafaz.

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    • maio 21, 2020 em 3:41 pm
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      E aí Ricardo! Essa subida do Morro do Forno é bem complicada mesmo, ela é dureza. E lá em cima, naquele mato que fica no cume, antes de chegar no Josafaz, é bem fácil de se perder.

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  • dezembro 16, 2018 em 2:32 pm
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    Olá gostaria de fazer a trilha mas já vou estar pelo litoral norte, saberia me dizer se a linha de ônibus “Mampituba/Morro Azul” para em outras rodoviárias no caminho, como por exemplo Terra de Areia ou Três Cachoeiras ?

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    • dezembro 17, 2018 em 7:32 pm
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      O ônibus para sim. A primeira parada é em Osório, depois Terra de Areia, Três Cachoeirinhas e entra pro Morro Azul, depois pro Morro do Forno…

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  • julho 31, 2018 em 6:01 pm
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    Cara eu posso conversar com você por email para pegar algumas dicas

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  • julho 30, 2018 em 2:12 am
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    Quero fazer essa TRIP de ônibus saindo de Porto Alegre até Morrinhos. Completando o percurso consigo pegar um ônibus de volta a porto alegre do destino final da Trekk ou é inevitável eu ter de pegar o táxi. fica a duvida

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      • julho 31, 2018 em 5:36 pm
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        Cego um táxi até a rodoviária mais perto então que seria em ITATI. Correto (meu ponto de interrogação não esta funcionando)

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        • agosto 1, 2018 em 11:20 am
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          Eu sempre vou até Terra de Areia, onde tem ônibus direto para Porto Alegre. De Itati, tu terias, certamente, que tomar outro ônibus até Terra de Areia.

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    • julho 23, 2018 em 12:18 am
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      Legal o relato de vocês e saber que foram bem tratados pelos donos das terras. Já encontramos muitos locais, mas mais pros lados do Tajuvas mesmo, e sempre fomos super bem recebidos também!

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  • outubro 25, 2017 em 4:36 am
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    Vc passou por propriedade privada , teve algum problema com donos de terra?

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  • agosto 29, 2017 em 10:32 pm
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    Olá! Estou planejando essa indiada para os dias 8 e 9/set (feriadão). Passou muito frio à noite? Caso alguém queira embarcar junto, chama aí. Abraço

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    • agosto 30, 2017 em 7:06 pm
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      E aí!

      A temperatura é entre 4º e 6º mais baixa que em Porto Alegre, por exemplo. Pode contar com uma temperatura de 10º, pelo menos.

      O que te aconselho mesmo é a ficar atento ao site da CPTEC (http://www.cptec.inpe.br/), bota lá a previsão pra Cambará do Sul que tu vai ter uma ideia. O tempo é algo muito imprevisível, só ver que ontem fez mais de 30º!

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    • setembro 16, 2016 em 1:51 am
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      Atualmente, tenho usado o Maps.ME…tem muitos tracks que ja estão “imbutidos” nele e é super rápido pra buscar a localização, mas te admito que não sei qual é a condiçao dele ai no RS…

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