Toro toro: como chegar e o que fazer neste incrível parque da Bolívia
Boa parte dos turistas que vão até Cochabamba – localizada a meio caminho entre Laz Paz e Santa Cruz de la Sierra – param na cidade somente para conhecer o Parque Nacional Toro-Toro. Ele é classificado por muitos guias de viagem como um dos parques mais bonitos da América do Sul. O local é cheio de cânions, cavernas e formações rochosas únicas.
Toro-toro também é o nome da pequena cidade, com pouco mais de 600 habitantes, localizada dentro do parque. Que ainda é um sítio arqueológico, onde encontram-se pinturas em cavernas e centenas de pegadas de dinossauro e outros animais.
As agências de turismo cobram caríssimo por um tour em Toro-toro, que pode ser feito de forma autônoma, tomando um ônibus no centro de Cochabamba. Quanto ao guia, que é necessário contratar para fazer as trilhas do parque, a dica é simples: chegue, no outro dia, bem cedo, no centro de guias. A formação de grupos para dividir o valor dos guias é bem comum.
Entenda o parque
Primeiro, essa não é um passeio bate-volta. Mesmo que esteja a pouco menos de 200km de Cochabamba, a estrada até Toro-toro é ruim e leva-se pelo menos quatro horas para chegar. É necessário reservar, no mínimo, uma noite para se conhecer e percorrer parte do parque.
Uma restrição importante é que, para realizar qualquer circuito, deve-se contratar um guia, cujo custo é de 100 BOL (R$ 50), valor que pode ser dividido em até seis pessoas. Mesmo sem ser a favor desse tipo de exploração turística, tive que me render ao sistema de guias, que é organizado de uma forma bem interessantes.
Não é uma empresa que explora os serviços, mas sim a própria comunidade, através de uma cooperativa de moradores localizada na praça principal da cidade. Todos os guias são nativos da região, possuem conhecimento da fauna e flora e treinados para oferecer o serviço. Nosso guia foi Sabino, um boliviano muito gente boa que nos acompanhou por dois dias e conhecia cada pedra dos circuitos que fizemos.
Alias, cada circuito tem duração média de três a quatro horas, sendo possível fazer dois por dia. Para alguns, como a Ciudad de Itas, ainda é necessário pagar o transporte, já que o sítio fica a 20km da cidade. Porém, da mesma forma que o cobrado pelos guias, são preços acessíveis para quem viaja com pouco dinheiro.
Também é necessário pagar o ingresso ao parque, que custa 35 BOL (R$ 16,50), válido por cinco dias.
Os circuitos
El Vergel
Nome de um conjunto de cascatas cujas águas – muito quentes – se derramam pelo cânion Toro-toro, formando pequenas piscinas. O circuito tem início na própria cidade. Primeiro, se passa por algumas casas antigas, feitas de abade e que estão em pé há mais de dois séculos. Depois, por fósseis de pegadas de dinossauros, incluindo uma das maiores já encontradas na América do Sul, e formações rochosas como uma ponte e um anfiteatro de pedra.
Após percorrer o cânion por cima, descemos por uma escadaria de pedras até o seu interior e caminhamos mais uns 30 minutos até chegar no Vergel. Para voltar, ligamos Vergel com o circuito de Cerro Waylas.
Cerro Waylas
Interessante para quem gosta de escaladas. Fomos percorrendo o cânion pelas suas entranhas, sempre por cima de pedras, até chegar em uma parte intransponível por causa do rio que começou a ficar profundo. A partir daí, começamos a escalar o cânion (o pessoal que estava comigo achou um pouco perigoso, mas Sabino ia guiando os mais inexperientes com cuidado, indicando onde deveriam colocar as mãos e os pés. No fim, foi uma aula de escalada também).
De volta ao topo do cânion, o cruzamos para o outro lado por dentro de uma caverna. Já havia cruzado cânions por baixo, por cima, mas nunca pelo meio dele. Antes de voltar a cidade, passamos por outro sítio arqueológico onde estão preservadas pegadas de pequenos dinossauros.
Ciudad de Itas
Eram nessas cavernas que os Itatas – uma das primeiras culturas que povoaram a América do Sul – viveram por muitos séculos. É possível ver diversas pinturas deixadas pelos nossos ancestrais e conhecer os locais que utilizavam de casas.
Fomos explorando as cavernas meio sem rumo, até chegar em uma escadaria metálica por onde escalamos até o topo de pedra das cavernas. Voltamos por cima delas.
Caverna Umalajanta
Aqui, além de guia e transporte, deve-se também pagar o equipamento para entrar na caverna (ponha o capacete na cabeça, você vai evitar alguns galos). Primeiro: se você tiver sorte, ou melhor, se não tiver chovido, as águas da caverna estarão transparentes e você poderá ver os peixes luminosos que habitam o local.
Se não for o caso, não desanime. São mas de uma hora escorregando pelo solo liso da caverna, atravessando-a por buracos em que seu corpo mal entra e escalando por cordas e pedras, sempre tendo contato com as as estalactites e estalagmites formadas pelos séculos.
Onde ficar em Toro-toro
Há diversos hostéis na cidade, para todos os bolsos. Fiquei em um chamado Los Cuchos. A cama custava 35 BOL (R$ 17,50). Vale lembrar que a cidade é muito isolada e não existe internet na região.
Onde comer
Toro-toro, como toda a cidade boliviana, possui um mercado central que oferece pratos de comida por 10 BOL (R$ 5). Vale a pena passar lá até para tomar um café-da-manhã. Uma hamburguesa grande com ovo e queijo sai por 5 BOL (R$ 2,50).
Na frente do mercado há uma parilla. Mas a grande dica é o frango frito que vendem em um restaurante, saindo do mercado, à esquerda. O melhor da Bolívia.
Como chegar
Você pode ir com um ônibus grande, que sai duas vezes por dia, às 9h e às 18h e custa 25 BOL, ou com as mini-vans que saem de hora em hora, quando estão cheia, e levam 35 BOL. Se a viagem de van dura quatro horas, a de ônibus pode ultrapassar seis horas de viagem, pois faz muitas paradas para as pessoas subirem e descerem e, como é tradição na Bolívia, aquela paradinha para as pessoas almoçarem, jantarem e comprarem um queijo caseiro.
Neste artigo sobre Cochabamba, marcamos em um mapa o local de onde saem as vans, na Avenida República.
Melhor época
O verão, entre dezembro e fevereiro, é o período de chuvas na Bolívia e se for possível, evite visitar o parque nessa época. Em razão do tempo, é possível que algumas trilhas, como as que percorrem o interior do Cânion Toro-toro, encontrem-se fechadas.
Dicas
– Toro-toro não possui internet nem caixas eletrônicos, é necessário levar todo o dinheiro para os dias que você vai ficar lá diretamente de Cochabamba. Porém, há dezenas de hostels, restaurantes e mercados (as mercadorias são mais caras, mas nem tanto);
– Se você emendar dois circuitos em um dia, não esqueça de levar algo para comer e muita, muita água. Faz muito calor na região e as caminhadas são desgastantes;
– Se for fazer o passeio da caverna, vá de calças e camisas de mangas compridas para proteger os joelhos e os cutuvelos. Em alguns trechos, é necessário engatinhar pelo chão;
– Fique pelo menos duas noites na cidade. Aproveite ao máximo esse lugar, ele é único!
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A oficina fecha as, se nao tiver aberta no dia que voce chegar, va no dia seguinte bem cedo, por volta de, pois os passeios saem as . Nossa principal intencao era ver as pegadas de dinossauros, entao fizemos o Circuito Vergel, uma trilha pelo Parque Nacional, que desce o canion, passa por cascatas e pelas pegadas (
Muito bom seu relato.
Valeu!
Obrigado pelo relato, na parte “como chegar”, vc diz de pegar um onibus mas nao falou de onde vc esta considerando que sai esse onibus.
Verdade, esqueci de por aí. Olha só, nessa matéria aqui, sobre Cochabamba, tem um mapa com o local de onde sai as vans pra Toro-Toro -> https://apenomundo.com/bolivia/cochabamba/
Fica na Avenida República. Tem vans saindo da esquina seguinte também. Quando enchem, saem.
Oi Henrique! Parabéns pela matéria, está muito boa. Contudo tenho algumas perguntas:
1 – Só para confirmar: o valor do guia (100 BOB) pode ser dividido até 6 pessoas, de modo a ficar aproximadamente 17 BOB para cada, certo?
2 – Esse pagamento para o guia inclui todos os circuitos? Inclusive os que têm que pegar ônibus para ir?
3 – Quanto custa o ônibus para Ciudad de Itas? O transporte pago para esse lugar já nos deixa próximo da caverna Umalajanta ou precisa-se pagar outro transporte para esse circuito? Quanto foi o equipamento?
1 – Sim.
2 – O guia cobra por circuito. Você pode fazer 2 circuitos por dia – neste caso, vai pagar o dobro.
3 – Não existe ônibus para cidade de Itas. Você vai alugar, junto com seu grupo, um jipe que vai lhe transportar até lá – esse valor é cobrado a parte, porém é um preço fixo dividido por todos. O mesmo vale para a caverna, que fica longe da cidade.
E no caso da caverna, é necessário contratar esse equipamento extra. Perdi o papel onde anotei, por isso não coloquei o valor na matéria, mas não é muito, algo como 15 bolivianos…
Parabens,ótimo relato sobre o parque,irei em setembro☺