Buenos Aires: Roteiros para fazer caminhando, de metrô ou bicicleta

Já fazem alguns anos que Buenos Aires é um dos destinos preferidos dos brasileiros. A começar pela proximidade e o preço da passagem aérea que, se comprada com antecedência, não costuma ser cara. Recentemente, uma pesquisa do Bokking.com ainda revelou que o país é o destino favorito dos brasileiros ao realizarem sua primeira viagem para o exterior, logo atrás de Orlando e Miami.

Buenos Aires tem a segunda maior região metropolitana da América do Sul – fica atrás apenas da Grande São Paulo. O mais incrível é que, mesmo sendo um destino multicultural, mantém preservadas tradições. Ainda hoje, o tango é tocado e dançado pelas ruas em meio a fumaça das parilladas.

A cidade tem um clima agradável na maior parte do ano e ostenta em seus prédios os excessos do século XIX, quando a cidade era uma expressão da Europa na América do Sul.

Nesse post, você encontra tudo que precisa para conhecer Buenos Aires e seus principais bairros caminhando ou utilizando o transporte público da cidade. Confere aí!



Se locomovendo por Buenos Aires

Ainda hoje, Buenos Aires é uma grande cidade bem organizada, com um sistema de transporte exemplar. Claro que enfrenta problemas com a desigualdade social, como qualquer grande capital da América do Sul.

De toda forma, você pode conhecer os principais locais utilizando o transporte público. Buenos Aires tem seis linhas de metrôs, o chamado SubTe, com uma distância total de 55km em trilhos. Você pode ver o mapa com todas as linhas clicando aqui.

Outra boa alternativa é o EcoBici. São dezenas de estações espalhadas por toda a cidade, que lhe permitem retirar, gratuitamente, uma bicicleta por uma hora em dias de semana e duas horas em finais de semana.

O EcoBici faz parte de um programa do governo de Buenos Aires e funciona 24 horas por dia, podendo ser utilizado para turistas, como vamos explicar em seguida. Você pode conferir todas as estações clicando aqui.

Mapa dos principais bairros

Amarelo – Montserrat e San Nicolás (parte norte)
Vermelho – Puerto Madero
Azul – San Telmo e Micro-centro (parte norte)
Verde – Palermo e Palermo Soho

No mapa, estão marcado os principais bairros de Buenos Aires. Turistas costumam se hospedar, principalmente, em quatro áreas. San Telmo é histórico e famoso pela bohemia, estando no coração de Buenos Aires. Palermo é um bairro mais jovem, com opções noturnas, muitos parques e praças. Ao mesmo tempo, é a região mais cara.

Montserrat é a mais barata e segue bem localizada, próxima ao coração da cidade. Já o bairro mais caro é a Recoleta, ao redor do ponto marcado como “Cemitério da Recoleta” no mapa.

Onde dormir barato

Já dormi em vários locais (sempre baratos), mas indico dois pensando no custo-benefício. O último lugar que me hospedei foi um dos que mais valia: o hotel Minerva (veja no Booking.com) fica a três quadras da avenida 9 de julho e do metrô, pertinho de San Telmo. Acabei ficando em um quarto privado, bom wii-fii, cozinha e TV a cabo por R$ 60 a diária (divididos em duas pessoas).

Outro é o hostel Granados (veja no Booking.com), em San Telmo. É muito bem localizado, perto de onde está a Mafalda, no caminho das historietas e na volta a diversos bares e baladas. O café-da-manhã era bom, o wii-fii rápido e a cozinha bem equipada. A diária custa cerca de R$ 40 por pessoa.

Roteiros em Buenos Aires a pé, metrô ou bicicletas

Bairros Micro-Centro e San Nicolás*

São as regiões mais centrais de Buenos Aires e há uma infinidade de templos religiosos, museus e prédios faraônicos que podem ser vistos por aqui. Para começo de conversa, a Plaza de Mayo e a Casa Rosada, sede oficial do governo da Argentina, são pontos obrigatórios, assim como o Obelisco, que fica nos cruzamentos das avenidas Corrientes e 9 de julho.

Perto da bela Praça dos Tribunais, está o Teatro Colón. O prédio atual foi inaugurado em 1908 e é considerado, tanto por sua arquitetura e condições acústicas, um dos melhores do mundo, ao lado da Scala de Milano, a Ópera de París, o Covent Garden de Londres e o Metropolitan de Nova Iorque. Todos os dias, das 9h às 17, é possível fazer uma visita guiada pelo eu interior ao custo de ARG 300.

Outro lugar que vale muito a pena conhecer é a Livraria El Ateneo Grand Splendid, que fica, bem verdade, no bairro da Recoleta. Ela ficou fora do mapa, mas está a 600 metros da Praça dos Tribunais, se afastando da Plaza de Mayo, na Avenida Santa Fé, 1860, e abre todos os dias. O prédio foi levantado em 1919 para ser um teatro. Hoje, os acentos dão lugar para as prateleiras de livros e o palco virou um café! Entrada franca.


By Davidhttps://www.flickr.com/photos/99255685@N00/1245345652, CC BY 2.0, Link

Por aqui, também passa a rua mais famosa da cidade, a calle Florida. Ela é uma espécie de centro comercial, um calçadão onde não circulam carros. Além de uma infinidade de lojas, dizem que é a rua com maior concentração de floriculturas, bancas de jornais e artistas de ruas. Se você pretende comprar, saiba que a Florida não é um lugar barato. Aqui estão alguns dos aluguéis mais caros da cidade.

Por fim, dê uma passada na Praça do Congresso e, se dispor de fundos, faça um tour pelo Palácio Bartoto (há diversos passeios, a partir de ARG 300). Construído em 1923, já foi considerado o maior edifício da América do Sul e está cheio de referências à obra Divina Comédia, de Dante Aliguiere.

Visita a Casa Rosada

Todos os sábados, domingo e feriados, das 10 às 18h, o governo argentino abre a Casa Rosada para uma visita guiada por seus cômodos internos. O tour é gratuito e, em alguns horários, é feito em inglês. Se você quiser, ainda pode reservar um horário com até 15 dias de antecedência, mas isso não costuma ser necessário, pois a procura não é tão alta.

Bairros San Telmo, Montserrat e Puerto Madero

Para o sul da Plaza de Mayo, está o bairro com alma mais boêmia de toda Buenos Aires: San Telmo. Residência de diversos artistas, mantém sua áurea boêmia, com bares e restaurantes espalhados por todo lado, principalmente nos entornos da Plaza Dorego.

Em San Telmo também inicia o Camino de las Historietas, com uma estátua em tamanho real de mafalda sentada em um banco, em frente ao prédio que foi casa ao seu criado, Quino. O caminho é uma homenagem a diversos personagens famosos de histórias em quadrinhos criados por argentinos. São diversas imagens, que se espalham até Montserrat e Puerto Madero.

Puerto Madero que, por sinal, vale uma caminhada mais para o fim da tarde. É o bairro de Buenos Aires onde estava o antigo porto da cidade. Desativado, seus prédios, que serviam de armazéns, se transformaram em restaurantes e bares. Também foram criadas diversas áreas de lazer, que os argentinos utilizam para praticar esportes ou tomar um mate ao fim da tarde.

Outra pedida em Puerto Madero é conhecer o parque de la Costanera, cuja entrada é franca e só é permitida a entrada de bicicleta ou a pé. Aberto de terça a domingo, das 8h às 18h.

Feira da Defensa

Todos os domingos, a rua Defensa se transforma em uma das maiores feiras de antiguidades do mundo. São quilômetros de barraquinhas improvisadas. Vale a pena dar uma entrada no mercado público de San Telmo ou beber uma cerveja em algum dos bares no entorno da Plaza Dorego, que já foi o ponto da cidade dedicado à bohemia.



Bairro La Boca

O bairro mais famoso de Buenos Aires fica a cerca de 3km do centro e a 2km da estação Constituicion, a mais próxima de metrô. Caso opte por ir caminhando, pode fazer uma parada, no caminho, no parque Lezama.

O parque é um dos mais antigos da cidade e serviu de residência para vários aristocratas da alta sociedade platense. Mas foi seu último dono, José Gregorio Lezama, quem trouxe espécimes de plantas de todo o mundo e fez um luxuoso jardim no autentico estilo europeu, cheio de estátuas.

Junto ao parque, funciona o Museu Histórico Nacional. Em frente, na calle Brazil, ainda chama a atenção uma antiga igreja ortoxa russa e dois bares clássico, o Europeu e o Hipopótamo, onde pode-se comer e beber bem.

De ônibus, passam por aqui, desde o centro da cidade, as linhas 29, 33, 64, 53 e 152.

Bombonera

O famoso estádio do Boca Juniors está aberto para visitação diariamente, das 10h às 18h (pode haver mudanças em dias de jogo). São três tipos de acesso: somente o museu (ARG 200), museu + Visita Express (ARG 230) e Museu + Estádio Tour (ARG260).

Caminito


By Luis Argerich – originally posted to Flickr as Farolito, CC BY 2.0, Link

Está a 400 metros do estádio La Bombonera e é uma homenagem a uma letra de tango escrita por Gabino Coria Peñaloza de mesmo nome. A criação do lugar é peculiar: durante a década de 50, toda a rua estava abandonada e tomada pelo lixo. Um grupo de moradores se juntou para revitalizar o lugar e transformar as ruas em um museu.

As casas, feitas de madeira e de lata, foram recuperadas, pintadas com cores vibrantes e diversas obras de artes espalhadas pelas calçadas. Hoje, o Caminito é um lugar cheio de restaurantes, artesões e feiras de artesanato.

Muito importante: só faça esse trajeto de dia. Quem lembra que é preciso ter mais cuidado com a segurança no bairro La Boca é o blog Let’s Fly Away em um post sobre os cuidados que devemos ter em Buenos Aires para não estragar nossa viagem.

Bairro de Palermo

Bem verdade, o bairro está dividido em quatro partes: Palermo Soho, Bosques de Palermo, Palermo Hollywood e Palermo Chico. É um dos lugares mais jovens da cidade, com diversos parques cheios de verdes e uma noite movimentada, sendo muito procurado por turistas.

Os bosques de palermo é a região verde que interliga diversos parque e possui mais de 80 hectares, equivalente a 80 campos de futebol. Engloba lugares como o Jardim Botânico (entrada franca), o Zoológico, o Jardim Japonês (paga-se para visitar) e o parque Três de Febrero (entrada franca). A maioria abre todos os dias. Uma boa pedida e percorrer a região de bicicleta.

Para entender um pouco mais do clima que você vai encontrar no bairro, vale ler o post do blog Fora de Casa sobre El rosedal de Palermo!

Bairro da Recoleta

O bairro da Recoleta começou a ser povoado em 1971, quando as famílias mais ricas de Buenos Aires começaram a fugir do bairro de San Telmo para escapar de uma epidemia de febre amarela. A mudança foi em alto estilo, com a construção de vários casarões ao estilo arquitetônico francês.

A Recoleta possui um interessante centro cultural que se forma em torno de seu cemitério (entrada franca, aberto todos os dias), elevado atualmente e status de museu em razão das esculturas que se encontram lá dentro. Ao lado, estão a Igreja Nossa Senhora do Pilar (precisa pagar para entrar), erguida em 1722, e o Centro Cultural Recoleta (entrada franca, aberto todos os dias), que ocupa os prédios de um antigo mosteiro de monges recoletos.

Ali pertinho, ainda estão o prédio da Faculdade de Direito, o Museu Nacional de Belas Artes (entrada franca, de 12h30min às 20h30min) e o parque onde se enconra a Floralis (entrada franca, aberto todos os dias), que já se tornou um dos símbolos recentes da cidade. O monumento foi inaugurado em 2002 e é uma grande flor metálica que se abre e fecha de acordo com a quantidade de sol.

E se está buscando um show de tango bonito e barato para ver, vale a pena dar uma lida nesse artigo do blog Entre Mochila e Malinhas sobre show de tango em Buenos Aires!

E se você está montando seu roteiro para a Argentina e gosta de vinhos, não deixe de ler o artigo da Mariana Menezes, do blog Travel Trips Brasil, com uma análise de 7 vinícolas em Mendoza!

Andando de metro e ônibus

Para andar de metrô ou ônibus em Buenos Aires, você precisa, obrigatoriamente, de um cartão Sube, não é possível pagar com dinheiro. Os cartões custam ARG 25 e podem ser comprados nas estações de metrôs e nos quiosques espalhados pela cidade (que podem lhe cobrar mais caro).

A viagem de metrô custa ARG 4,50 o trecho. O ônibus varia conforme a sua linha, com preço mínimo de ARG 6.


By No machine-readable author provided. Mr. Tickle assumed (based on copyright claims). – No machine-readable source provided. Own work assumed (based on copyright claims)., CC BY 2.5, Link

Buenos Aires de bicicleta

Para se cadastrar no sistema público de bicicletas de Buenos Aires, basta clicar aqui. Turistas estrangeiros precisam preencher um formulário com seus dados e fazer o download de uma fotocópia de seu passaporte, cédula de identidade, além do selo ou do papel que se ganha no ingresso do país com o RG, mostrando a data de admissão na Argentina.

Após efetivado o cadastro, basta baixar o aplicativo da EcoBici e se identificar com seu nome de usuário e senha. Você pode usar as bicicletas por uma hora em dias de semana e duas horas em sábados, domingos e feriados, sendo necessário esperar cinco minutos, após a entrada da bicicleta, para retirar outra.

Como chegar em Buenos Aires

Ônibus

A rodoviária de Retiro fica próxima aos principais bairros da cidade e está conectada ao sistema de metrô de Buenos Aires, sendo a maneira mais fácil e prática de chegar. Depois, você pode tomar um taxi, que vai lhe custar cerca de ARG 150.

Avião

Existem dois aeroportos. O de Jorge Newberi é o menor, mas mais próximo do centro (cerca de 15 minutos). O taxi custa cerca de $ 180 pesos até a região central. As linhas 37, 45 e 160 também passam por aqui (ARG 6,50 o trecho).

Já o aeroporto de Ezeiza é o maior e mais utilizado, porém está a quase uma hora do centro de Buenos Aires. Um taxi daqui vai lhe custar cerca de ARG 600. Porém, existem os ônibus da empresa Tenda Leon que lhe levam até Puerto Madero por ARG 180 e o ônibus de linha 8, que vai até o centro e custa ARG 16 (e demora mais de duas horas).

Barco desde Colônia de Sacramento

Três empresas administram o trecho entre a Argentina e o Uruguai, pelo rio da Prata. Saiba mais sobre a viagem de barco entre Buenos Aires e Colônia.

Henrique Lammel

Jornalista e produtor de conteúdo

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