Porto Alegre: Como é fazer uma trilha pelo Morro Santana

O Morro Santana, a 313 metros do nível do mar, é considerado o ponto mais alto de Porto Alegre. Mas não é só por isso que se destaca: com mais de mil hectares de área, é um espaço privilegiado para quem gosta de fazer trilhas, sendo considerado o ponto com maior representatividade de flora. Deve-se a isso a mistura entre os biomas Mata Atlântica e Pampa e uma vegetação nativa preservada.

Neste artigo, você vai saber tudo o que precisa para fazer uma trilha no Morro Santana!

Como é a trilha pelo Morro Santana, em Porto Alegre

Existem diversos acessos para o Morro Santana. Nós tomamos a trilha pela Vila Colina, com fim próximo à pedreira desativada. Antes de começar a leitura, deixamos como sugestão nosso artigo sobre o que fazer em Porto Alegre.

Primeiro, cruzamos a Vila Colina por dentro, até começar a subir pela face norte do morro. A primeira parte tem uma inclinação considerável, porém é toda por dentro da Mata Atlântica, sem muita exposição ao sol.

Já quase no topo do morro chega-se a uma estrada e, a partir daí, o caminho é todo exposto. A vegetação de mata dá espaço para o pampa, onde se proliferam, em meio ao campo, plantas silvestres como os butiazeiros e os ananaseiros.

Ao subir pela face norte, tínhamos a vista do Centro de Porto Alegre, Cachoeirinha e Gravataí. Pelos campos, seguimos até a face sul, onde amplia-se no horizonte o Lago Guaíba e os morros da Zona Sul.

Pedreira desativada do Morro Santana

Para descer, tomamos uma trilha pela pedreira Asmuz, que foi desativada na década de 80 e teve papel importante para a urbanização da cidade. Pedras, cascalhos e britas dessa pedreira foram utilizadas na construção do Estádio Beira-Rio e na pavimentação de várias ruas.

Essa parte da trilha também é ingrime, com a diferença de que não há árvores e matas para amenizar o calor. Ao contrário: o local é bem exposto, com muitas pedras que esquentam o solo.

No total, o trajeto teve nove quilômetros e levou cerca de cinco horas para ser concluído, em razão de diversas paradas e do passo lento do grupo.

#OquePortoAlegreTem

Este artigo integra uma ação promovida pelo coletivo Travelers chamada #oqueportoalegretem. Até o dia 9 de fevereiro, diversos blogueiros e influencers estarão postando informações sobre diversos pontos turísticos da capital gaúcha. Recentemente, fizemos um artigo sobre a Orla do Guaíba.

Se está buscando o que fazer em Porto Alegre, além de seguir a #oqueportoalegretem, fique atento no A Pé no Mundo: nós estaremos fazendo posts regulares sobre a cidade até 26 março, quando completa 248 anos!

Dicas para subir o Morro Santana

– Leve bastante água. Mesmo havendo córregos, eles nem sempre estão cheios, principalmente nos meses mais secos;

– Calçados fechados e calças compridas são fundamentais para fazer a trilha, tendo em vista que parte da trilha é íngreme (e escorregadia) e há muita vegetação rasteira com espinhos;

– Por questões de segurança, não faça a trilha sem um guia local;

Como fazer a trilha

Como o morro Santana é grande e possui várias estradas e trilhas, é muito fácil se perder lá em cima. Além disso, há várias comunidades periféricas na volta, onde existem problemas de insegurança. O melhor caminho para quem quiser explorar o lugar é falar com o Sidney Bispo, do Coletivo Visão Periférica, pelo telefone 51 98493 4966 ou e-mail grupovisaoperiferica@gmail.com.

Importante também destacar o trabalho do Coletivo Visão Periférica, que faz vários projetos junto às comunidades do Morro Santana. Com cinco anos de atuação, possuem uma biblioteca instalada na Vila Colina, com mais de mil exemplares, e buscam a preservação ecológica, conscientização, geração de renda reparação social, socioambiental e enraizamento comunitário.

Regularmente, eles organizam trilhas pelo Morro Santana que misturam a atividade com saraus literários e a troca de experiência junto com as comunidades, sem falar que levam sacos de lixo e recolhem todo o lixo que encontram pelo caminho.

Porto Alegre ainda tem outras opções interessantes, como a trilha pelo Morro da Tapera.

Sobre o Morro Santana

O Morro foi a primeira área a ser povoadas em Porto Alegre, por Jerônimo de Ornelas, em 1740. No fim dos anos 1780, o terreno já havia sido vendido por Ornelas e acabou sendo desapropriada e distribuída para famílias açorianas que vieram se estabelecer na região, que transformou a área do Morro Santana em produtivas fazendas.

Uma delas, em especial, foi muito importante para a história do Rio Grande do Sul: a Casa Branca, demolida em 1972. A casa foi ponto de encontro de políticos e intelectuais por décadas e serviu de quartel general durante a Guerra dos Farrapos.

Hoje, o Morro Santana é um dos poucos lugares de Porto Alegre cuja (boa parte da) flora e fauna estão preservadas, se tornando o maior refúgio de vida silvestre da capital. Segundo a UFRGS, estão catalogadas 89 espécies de aves, como o pica-pau do campo, 22 espécies de mamíferos, entre eles tatus, graxains e macacos-pregos, e 28 espécies de repteis, sendo encontradas inclusive serpentes peçonhentas, como a jararaca e a cobra-coral.

O Morro também abriga um rico manancial hídrico, com charcos, lagos e córregos com cascatas, incluindo a nascente de arroios como o Dilúvio.

Conheça outras trilhas e trekkings para fazer no Rio Grande do Sul

Henrique Lammel

Jornalista e produtor de conteúdo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *