Esse casal saiu do Brasil com dinheiro para viajar 44 dias e está a quase dois anos na estrada!

Os cariocas Rodrigo Coelho e Tuane Vianna trocaram o Rio de Janeiro pelo mundo em setembro de 2016, quando decidiram largar tudo e realizar o grande sonho de suas vidas: conhecer o mundo. Sem muito dinheiro, entraram na Bolívia por Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e tomaram o trem da morte para Santa Cruz de La Sierra, onde seriam recebidos por uma família via Couchsurfing (aplicativo em que as pessoas recebem estrangeiros em suas casas).

“Antes de sair, morríamos de medo. A gente não conseguiu juntar muita grana. Tínhamos dinheiro pra pagar 45 dias de viagem, com hospedagem, comida, transporte…Mas deixamos o Brasil com o primeiro Couchsurfing, em Santa Cruz, e o primeiro Workaway, (site em que é possível encontrar trabalhos voluntários pelo mundo), em uma fazenda em Samaipata, já garantidos”, lembra Rodrigo.

A principal inspiração do casal eram pessoas que conseguiam viajar sem muito dinheiro e contavam sua história no Youtube, Facebook e outras redes sociais. “O Mundo Sem Fim, da Michele e do Renan, inspirou muito a gente”, afirma. Inspiração que levou ambos a criarem projetos para contarem, também, um pouco de suas experiências: o Casal Mochila e o Canal Logrando.

Quase dois anos depois, Rodrigo e Tuane estão vivendo em Medellin, na Colômbia e contam um pouco dessa aventura, cheia de aprendizados, histórias e desprendimentos.



“Acreditávamos que ia dar certo”

Quando saíram do Brasil, Rodrigo e Tuane queriam viajar por muito mais do que 45 dias. Aí que residia, em parte, os seus receios. Será que iam conseguir?

O plano inicial era conhecer a Bolívia, o Peru e partir para o sul, até Montevideo, no Uruguai. Ambos tomaram gosto em conhecer o mundo depois de uma viagem para lá. “Em dezembro de 2014, fiquei quatro dias em Montevideo. Voltei maluco. Por que não saí do país antes? Conheci a Tuane cinco dias depois e logo deixei bem claro que meu plano era sair. Me encantei tanto que quis levar ela pra lá e, em janeiro de 2016, fizemos um mochilão de 21 dias pelo Uruguai e Argentina”, conta Rodrigo.

O mochilão foi como um ‘test drive’ e o casal voltou ao Rio de Janeiro com a certeza de que era isso que precisavam: conhecer o mundo. Decidiram que tentariam juntar algum dinheiro para se lançarem ao seu sonho em, no máximo, um ano.

Pegando a estrada

“Na Bolívia e no Peru, estávamos bem devagar nesse lance de fazer grana. Mesmo que não tivéssemos muito dinheiro, gastávamos pouco”, explica Rodrigo. Depois de trabalharem como voluntários em uma fazenda em Samaipata, o casal seguiu para Cochabamba, onde trocaram cama e café-da-manhã por algumas horas atendendo em um hostel. Lá, vendiam algumas refeições extras no café-da-manhã e cobrindo a folga da faxineira, o que ia ajudando financeiramente.

Foram pagar o seu primeiro quarto somente em La Paz, mais de 80 dias depois de terem saído do Brasil. E seguiram no trabalho voluntário, passando por hosteis de cidades como Paracas e Cusco. Nessa última cidade, os planos mudaram e resolveram ir para o norte, em direção da Colômbia, depois de tanto ouvirem falar bem do país.

Assim, rumaram para o norte. Quando chegaram no Equador, o dinheiro estava quase acabando. “Começamos a vender biscoito, caipirinha, trampei de porteiro em festa, fizemos de tudo em pouco…A Tuane fez um comercial em Quito, de um supermercado, por 50 dólares, que a dona do hostel onde a gente estava arrumou pra ela fazer”, recorda Rodrigo.

Colômbia

O casal chegou completamente sem dinheiro no país e passou por momentos que não esquecem. “Em Bogotá fizemos dois Couchsurfing e as pessoas que nos receberam nos emocionaram bastante. O primeiro comprou a prancha de cabelo da Tuane. O segundo, num domingo, saiu com a esposa e voltou cheio de compras, dizendo que fome não íamos passar e lugar para ficar íamos ter. Emocionaram a gente muito”, segue Rodrigo.

De lá, foram para Medellin, onde arrumaram um voluntariado em um hostel. “Na Colômbia, já havia virado procedimento padrão correr atrás de grana e trampo. Então, você fala com o dono do hostel, com quem tá no hostel, se tem algum trabalho, se pode vender alguma coisa pela cidade”, lembra.

E deu certo. Para ganhar algum dinheiro, começaram a fazer faxina no hostel uma vez a cada 15 dias. Rodrigo começou a trabalhar de forma remunerada, um dia por semana, cobrindo os horários do dono, e a trabalhar de garçom. Logo, Tuane também arranjou um emprego.

“Agora, Medellin tá no meu coração. Marcou. E não por visual. É uma cidade grande, que não tem muitas coisas, mas é um lugar que eu amo e aprendi a admirar. Faço parte daqui um pouquinho, agora”, revela Rodrigo.

Aprendizado

“Viajar te proporciona mudanças. Uma das coisas que aprendi é a ouvir mais as pessoas. Respeitar a opinião, a história, porque ninguém sabe pelo que o outro passou. Viajando, você tolera mais as coisas. Ouve muito preconceito, muita bobagem saindo da boca dos outros. A gente mesmo fala muita bobagem. Saímos com uma cabeça pequeninha e recebemos tanta informação, escutamos tanta coisa”, analisa Rodrigo.

Ele acredita que mudou muito e passou a dar mais valor ainda para as coisas pequenas e simples. E afirma que é uma experiência transformadora. A mensagem que fica é que o importante é viajar, seja lá a forma que for, com ou sem dinheiro. “Ficar longe de casa, dos amigos tanto tempo…Você precisa se virar com o que tem e com o que você é de verdade. Viajar é isso, você aprende quem você é de verdade.”

Mas o maior benefício da viagem, para Rodrigo, foi o fortalecimento da sua relação com Tuane. “Conheci realmente a esposa que tenho. Passamos por muita coisa juntos. A coisa mais incrível é a gente ainda estarmos juntos e mais fortes do que nunca. Essa foi a maior conquista.”

Canal Logrando

Rodrigo e Tuane tocam juntos o Casal Mochila. Desde que está em Medellin, Rodrigo iniciou outro projeto, o Canal Logrando, produzindo vídeos. É o espaço onde ele fala o que pensa, com um olhar mais pessoal.

“Lograr tem tudo a ver com conseguir, com dar certo, com vencer. Me considero um vencedor; Há dois anos, estava sonhando em conhecer e viver outro país. Agora estou aqui. É até uma coisa que eu não gostava de falar, porque pode parecer prepotência. Mas é duro, é difícil e a gente é vitorioso”, afirma.

Agora, os planos são em juntar dinheiro na Colômbia, onde eles tem visto por mais um ano e meio e seguir, possivelmente, para o México. E de lá, para a América Central, Espanha, Cuba, Jamaica…as possibilidades são muitas nessa história que continua sendo escrita.

Fotos: Arquivo Pessoal

Henrique Lammel

Jornalista e produtor de conteúdo

4 thoughts on “Esse casal saiu do Brasil com dinheiro para viajar 44 dias e está a quase dois anos na estrada!

  • novembro 21, 2019 em 1:22 pm
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    Achei linda a história de vocês. Me inspirou tremendamente. Existe muita coisa boa no mundo, o que nos segura são os nossos medos. Que a história de vocês continue a inspirar mais pessoas ao redor desse mundo.
    Sucesso!!

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  • abril 28, 2019 em 6:54 pm
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    Muito bom este contéudo e de muito grande valor. Adoro vijar pelo mundo e conhecer novas culturas.

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  • abril 3, 2018 em 11:06 am
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    Muito orgulho desse casal que amo tanto! Alegria deles é contagiante diante desse sonho incrível que eles estão vivendo! Com toda certeza vocês são vitoriosos! Muitas alegrias e mais vitórias nessa jornada linda! Muitas saudades mas com certeza q vocês estão felizes! Parabéns casal!

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  • abril 2, 2018 em 4:30 pm
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    Cara nem sei o que falar…muuuito obligado!

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